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é indecifrável o enigma na busca de um sonho
vento a soprar o pólen e aflorar raízes sob novo sol
viveram sonhos eu escrevo versos
mas encontro sombras na solidão acorrentada em liberdade
que não dizem nada e me falam tudo
sei que é desviver deixar o solo seu
que se faz com rochas arrancadas de seu leito
a sombra viajante deseja nova luz
quando a redondez do espaço
tangencia o sol e o calor é frio...
o novo lugar é apenas outro espaço
a destruir o claro da verdade em incerteza escura
a alma em um só verso dividida
grita o sofrimento da distância
no desalento sem ruídos dos fantasmas de seus dias
a eternidade é o único destino
e ao gesto largo da partida na lembrança insistente do passado
pertence o mistério do adeus a agonia
da canção toada sobre o mar sem eco
engolindo o sol
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a inquietude acode e tange o sentimento
do desconhecer irritante como um pesadelo
inocente no passado
sono em sonhos de sonhar o mundo
todos vultos crescem na distância
são verdade
que redemoinha
roda e roda
e sobe
elevando a mito a terra prometida
o acaso é chão então enigma
da roda do moinho retomada
girando sobre si mesma
ilusória
devolvendo a idéia de pobreza
o sofrimento da saudade
gira gira
na solidão do vento frio
na vida nova em seu passar fugaz
como quem fica sem querer ficar
dias meses anos
passa passa e passa
guerreiros condenados no trabalho
determinados
sendo o que podem ser
não há mistério nas lembranças esquecidas
relíquias
da última visão do abril claro da partida
dos campos calabreses
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tecido nos dias de montanha
o pensamento é meu e o sentimento do passar os anos
restaura casas demolidas
eras divididas
quando ainda é manhã no paesino em pedra
e seu balcão pendentes rosas
estanca o tempo
que em mim jamais esfumará
nunca resisti à emoção da encosta
flores e castanhas cinzas
do alvorecer da esperança consumida em claro
a navegar o mundo e descobrir o sonho
em sua terra vida igualmente minha
de algum modo minha
retoma os irmãos enamorados
e fica a história de sua altiva saga
deles o suave recordar será suave ainda
quando eu não o lembrar [1]
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renasci no tempo circunscrevendo o vento
a sonhar os deuses e viver a Itália
na Florença de arte consumada
aquedutos colunas e o poema
na bela Roma dourada
consuma-se o tempo na palavra
quando simultaneamente caminhamos
para além da razão
e retomo a roda
de girar o vento
de passar o tempo
de rever o céu
de contar estrelas
de amar a casa nunca ignorada
e os belos campos das flores amarelas
entre colinas pedregosas
da beleza da memória.
in sogno può accadere dicevano… dicevano,[2]
mas sob tutela dos que foram
quando aqui não eram estrangeiros
entre esperança e deseperança
na lembrança amarras afetivas
âncoras
na mesma rua e na altivez tranquila
no fruto semente raiz
de gente livre como deuses.
Roma, setembro de 2004.
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