domingo, 22 de junho de 2008

O CERCO




prisioneiro em cela solitária
irredutível inestensível
limitado relativo
no ilimitado cosmos
meu espanto
encontrado nas palavras
em meio ao mar
do entendimento

réstias de luz parecem liberdade
mas são sombras
da impossível compreensão

somos o que somos
sem o atributo do Deus
Moisés colhido
à saída para a Terra Prometida

o vício de pensar
o irresistível humano de sentir
o desejo físico de ser
a inventada razão
a realidade a verdade e a mentira
a teimosia sistemática de desconhecer
o caótico movimento perpétuo do mistério
do insondável fado
do nada que comparece
do caminho inelutável
rotas rodas
humanas como todas as coisas são

colunas rotas
sombra de um longo dia
rio eterno a fluir
sobre a estepe rasa fria
o destino das palavras recusadas
nada existe
nada
de nós mesmos se excluímos a complexidade de tudo
na sonoridade das palavras
enganados em suas entonações onduladas


Roma, abril de 2005.

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