sábado, 21 de junho de 2008

ROMA ETERNA



tempo indecifrável
luz transfigurada
espelho estilhaçado
fragmentos inconjugados
Roma eterna

o enigma de fundir o dia ao sol é a mesma luz
no universo crepitante

o tempo
e
dois meninos consanguíneos
sonho herdado na memória enriquecida
da eterna loba aprisionada entre campanários e altares

cortejo do que não passa e não regressa
no misterio do vento que arrefece
que é ruína do tempo onde me movo
e um pouco me enternece

di sentiero in sentiero
folgori nembi vento
[1]

ainda sem face
versos de um poema
repetem a mesma história impura
tediosamente
culto à noite escura



Roma, agosto de 2004.


[1] Leopardi, inspiração em frases esparsas: …de caminho em caminho/ clarões nuvens vento…

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